Umbanda

Cemitério na Umbanda Sagrada

Neste texto falaremos sobre o Cemitério na Umbanda Sagrada, um assunto muito polêmico e cheio de opiniões no meio espiritual.

Mas e aí: Você tem medo de ir ao cemitério? Quem são as entidades que estão lá? O que fazer ao entrar e sair? Preciso fazer alguma coisa quando chegar em casa? Preciso deixar o sapato do lado de fora? Então, vamos esclarecer algumas dessas questões sobre o tema Cemitério na Umbanda.

É muito importante para o umbandista saber que o cemitério é um campo de forças “natural” como qualquer outro (encruzilhadas, cachoeiras, praias, etc) e tem como função lidar com as almas. Alguns chamam de Campo Santo mesmo, outros de Calunga Pequena, mas o que devemos ter ciência é que é um espaço de passagem e guarda de espíritos, assim como existe um trânsito enorme de energias, tendo como principal ponto de forças o Cruzeiro das Almas (na falta dele a principal encruzilhada do cemitério), e que é regido principalmente pelo Orixá Obaluayê (o senhor do Campo Santo/Cemitério).

Nesse ponto de passagem (Cruzeiro das Almas) existe a ligação com as esferas positivas e negativas, do mesmo modo com as dimensões paralelas da direita e da esquerda, podendo tanto reter e proteger os espíritos, como também encaminhá-los aos seus lugares de merecimento no universo, de acordo com o magnetismo dos mesmos.

Mas afinal, o que acontece dentro do cemitério?

No ato do desencarne as almas passam por uma “analise” no mundo espiritual e se por exemplo, um espírito que foi muito negativado em vida, quando é enterrado, pode permanecer no Cemitério ou até mesmo ficar retido em seu corpo, na cova, para que Pai Omolu, dentro de seus mistérios, possa proteger esse indivíduo.

Isso acontece, pois se esse espírito sair do cemitério os seres que estão antagonizados com ele podem levá-lo para as esferas negativas para suprir seus sentimentos de vingança. Ou vocês acham que os antagonismos da vida terminam aqui? Não mesmo! Muito dos nossos problemas espirituais tem haver com atitudes erradas e confusões que arranjamos no passado. Enfim, alguns espíritos negativados ficam retidos para que através da oportunidade que os tronos da Lei e da Evolução oferecem a eles, os mesmos possam tentar se recuperar e só depois serem direcionados para os seus lugares de merecimento na Criação.

Sugiro a leitura do livro “O Guardião da Meia-Noite” de Pai Rubens Saraceni – Editora Madras. Através deste verdadeiro bestseller vocês entenderão melhor como funciona a guarda do espírito negativado nas covas e túmulos pela Divino Omolu. Podem adquirir o livro pela internet diretamente na Madras pelo site: https://madras.com.br/guardiao-da-meia-noite-o-1486

Isso é um dos casos, existem outros…

Por exemplo: Nossos amados Pretos-Velhos atuam esclarecendo, curando, conscientizando, transmutando e pacificando alguns espíritos que podem ser auxiliados. Tudo isso no Cemitério!

Apesar de ser regido pelo Pai Obaluayê, existem outros poderes ali assentados os quais são responsáveis por alguns domínios dentro deste Campo Santo. Um deles é o Orixá Omolu que é o guardião de todos os seres caídos, negativados ou desequilibrados. Atua retendo e guardando esses espíritos no “embaixo” do Cemitério (tudo que está abaixo do nível neutro do Cemitério é regido por Pai Omolu e acima deste mesmo nível é Pai Obaluayê). Acima do nível neutro também podem ser encontradas forças e energias de Mãe Nanã Buroquê que faz par com Obaluayê na Linha da Evolução e, também, de Pai Xangô, representante do polo positivo do Trono da Justiça (Já ouviram sobre o Senhor Xangô das Almas, certo?).

Neste Campo Santo existem seres tanto da esquerda como também da direita, um exemplo disso são os pretos e pretas velhas que estão lá por carregarem em si o mistério curador da alma atuando junto aos espíritos negativados para que possam ser esclarecidos, conscientizados ou arrependidos.

No Campo do Cruzeiro das Almas temos as seguintes regências: À frente do Cruzeiro das Almas está Pai Obaluayê e Mãe Nanã Buroquê. Atrás, Pai Omolu, à direita, Pai Obaluayê, à esquerda, Pai Omolu, no alto, Pai Obaluayê, no embaixo, Pai Omolu. Assim como existem poderes guardiões do Cruzeiro como: Ogum, Iansã e vários guias como exus e pomba giras, além dos pretos-velhos.

E como entrar no Cemitério (para realizar trabalhos)?

Da mesma forma que se entra no campo de força de qualquer outro Orixá: Realizando uma oferenda simbólica para os guardiões da direita e da esquerda. No caso da esquerda, faz-se um amarrado de velas com palha da costa ou fita preta ou vermelha sendo: Uma vela preta para o Exu, uma vela vermelha para Pombagira, uma vela bicolor preta e vermelha para o Exu Mirim e uma vela vermelha para a Pombagira Mirim, todos guardiões do Cemitério.

Junto a essas velas coloca-se moedas como “paga” energética e, também, um copo de cachaça para Exu, sidra para Pombagira e Pombagira Mirim e cachaça com mel para Exu Mirim. Acenda as velas e faça uma oração direcionada aos guardiões pedindo licença para entrar nesse campo de forças e, também, abertura de passagem do sagrado para que possa entrar e locomover-se livremente até o ponto de forças que necessita ir para realizar a oferenda. Peça para reter qualquer energia negativa ou espírito negativado na porta do Cemitério, encaminhando os mesmos. Faça a saudação a estes guardiões e entre sem preocupação.

Em complemento, devemos também realizar uma oferenda aos guardiões da direita deste Campo Santo que são: Ogum, Iansã e os Caboclos/Caboclas. Para estes guardiões, deve ser feito um amarrado com fita branca com uma vela amarela (Iansã), uma vela vermelha ou azul escura (Ogum) e duas velas verdes (caboclos e caboclas). As bebidas são: Cerveja para Ogum e Caboclos e sidra para Iansã e Caboclas entre outros elementos, como charutos, que também podem ser utilizados em complemento à essa oferenda simbólica. Da mesma forma é feita uma oração pedindo licença, segurança e amparo para a realização do trabalho dentro deste Campo de Forças.

No caso do umbandista, quando for fazer sua oferenda o mesmo deve entrar no Cemitério vestindo roupas e sapatos brancos, usando pano de cabeça e sua guia no pescoço.

Se a oferenda for realizada no Cruzeiro das Almas deve-se dar sete passos em direção ao mesmo para que, por fim, seja verdadeiramente realizada a entrada no Campo de Forças do Pai Obaluayê. Ao chegar nele também deve-se fazer uma oferenda simbólica aos tronos regentes e guardiões da direita e da esquerda ali presentes, da mesma forma que foi feito na porta do cemitério (algo simples como foi mencionado acima).

Explico um pouco melhor sobre essa questão no curso de teologia online que você pode fazer de onde quiser, a hora que quiser e com direito a apostila em todo módulo. Clica neste link e saiba mais:

https://teusspead.com/teologia-de-umbanda/

Uma observação a ser feita em relação aos cruzeiros é que todos são regidos por Pai Obaluayê, porém podem ser encontrados em vários lugares e sobre a égide de diversos orixás, como por exemplo: Na praia, na lagoa regido por Mãe Nanã, na igreja que é um campo de Pai Oxalá e até mesmo nas matas.

Quando tudo estiver feito (trabalhos espirituais) a maneira correta de sair do Cemitério é dando sete passos para trás no Cruzeiro das Almas, agradecendo a todos os guias e orixás ali presentes e é desta forma, também, que você estará saindo deste Campo Santo. Na porteira faça também o agradecimento aos guardiães que te receberam na entrada (agradecimento mental).

No ato da saída do cemitério existe outra questão muito polemizada que é se algum egum pode nos acompanhar e a resposta é: Se as oferendas de entrada no Cemitério foram feitas, o intuito da entrada foi positivo, você teve todo o respeito e reverência que se deve ter ao entrar em qualquer campo dos Orixás, isso não acontece!, pois você é recebido pelo Divino Pai Obaluayê, assim como pelas suas forças da direita e da esquerda, recebendo suas bençãos e licença para efetuar seus trabalhos e oferendas.

Vale lembrar que as oferendas não devem ser deixadas no cemitério.

Deve ser aguardado o tempo necessário para que a cota etérea seja “puxada” pela entidade para a qual foi oferendada, normalmente leva 30 minutos.

Mas, se você for entrar no cemitério para um enterro, não é necessário fazer essas oferendas, somente curve-se na porteira, peça licença e vá ao sepultamento normalmente. Porém, o ideal é mesmo nesses casos, ir até o cruzeiro das almas e acender uma vela branca para Pai Obaluayê recepcionar aquela alma recém chegada no mundo espiritual.

Como qualquer enterro ou velório é sempre cercado de sentimento de tristeza é aconselhável que, ao chegar em casa, se tome um banho de ervas para revigorar no ânimo e iluminar o seu espírito. Pode ser alecrim, alfazema ou manjericão.

Para finalizar, o umbandista não deve ter medo ou receio de realizar seus trabalhos e oferendas no Cemitério, pois os guias que estão nesse campo de forças estarão lá para te receber, guardar, amparar e proteger.

Axé!

Bruno Amorim

Médium de família umbandista, estudioso da Umbanda Sagrada, mago dirigente do Colégio de Magia SOL e ministrante dos cursos de Desenvolvimento Mediúnico, Magia Divina e demais cursos livres da religião de Umbanda. Formado em Economia pela UFRJ, estudou Teologia de Umbanda Sagrada com Alexandre Cumino em 2016 e se formou Sacerdote de Umbanda Sagrada em 2019 com o dirigente e sacerdote da Casa do Pai Benedito, Cláudio Ricomini. Iniciado em 27 graus da Magia Divina, sendo mago iniciador deste 2019 de diversos graus da Magia Divina no Rio de Janeiro.

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